A delegada Ana Carolina Abreu, titular da Deam (Delegacia de Especializada de Atendimento à Mulher), que também trata de crimes contra a Infância e a Adolescência, concluiu e enviou à Justiça, nesta quarta-feira (15), o inquérito sobre o assassinato da menina Carla Emanuelly Miranda Correia, de um ano e oito meses de idade, ocorrido no último dia 7. O crime foi cometido pelo padrasto da criança, Deyvyd Renato Oliveira Brito, 31 anos, com o consentimento da mãe, Irislene da Silva Miranda, 28. Ambos estão presos. 1xb23
Durante entrevista coletiva na manhã de hoje, Ana Carolina revelou detalhes escabrosos sobre as sessões de tortura pelas quais a criança ava até morrer devido a uma forte pancada na cabeça. “Mesmo com o laudo parcial da necropsia, podemos concluir que a criança morreu por traumatismo crânio-encefálico”, disse a autoridade.
A delegada relatou detalhes das investigações, como o fato de um vizinho ter ouvido o choro da criança no dia do crime, no momento em que a mãe disse, em depoimento, que havia ido comprar carne. Segundo Ana Carolina, as imagens das câmeras de monitoramento do comércio em que Irislene afirmou ter estado não a mostram no estabelecimento em momento algum. Ou seja, ela esteve em casa o tempo todo.
O laudo aponta, segundo a delegada, que o “número de hematomas na cabeça [da menina] era assustador” o que aponta o seguinte: o padrasto, todas as vezes que ia estuprar a criança, dava uma pancada na cabeça dela, para que a garota desmaiasse.
Com a indefesa vítima sem sentidos, ele cometia o ato bestial. Assim, ela não choraria nem gritaria, evitando que chamasse atenção dos vizinhos. “Entretanto, na última pancada ela morreu. Ou a pancada foi mais forte ou [morreu] devido à quantidade de lesões anteriores”, afirma a delegada.
“Corroborando com essa linha, primeiro eles se preocuparam em lavar a parte íntima da criança, para não causar suspeita no hospital”, conta Ana Carolina, afirmando que encontrou a calcinha da menina suja de sangue no varal.
“Primeiro, eles vão pedir água na casa do vizinho, pois na casa deles não havia água encanada. Depois ele retorna e pede álcool, para ar provavelmente no nariz da criança para que ela retomasse os sentidos. Quando viram que a criança não ia voltar [à consciência], levaram ao hospital. As outras marcas de hematoma, me levaram a concluir que essa criança era torturada, agredida, o que pode ter acontecido nos rituais religiosos. Entretanto, a morte não ocorreu em ritual, [ocorreu] realmente de pancada, para que ela desmaiasse e não chorasse, não gritasse e não chamasse atenção dos vizinhos, durante a violência sexual”, reforça a delegada.
O inquérito foi remetido à Justiça para que o Ministério Público formalize a denúncia. “Provavelmente eles irão ao tribunal do júri por feminicídio. Durante todo o tempo a mãe esteve na casa. Os vizinhos contam que [em outra ocasião] durante 15 dias não viram a criança. Ela recebeu uma pancada tão forte e causou um hematoma muito grande. E só saiu de casa quando sarou”, conclui a titular da Deam.