Brasília – A montadora japonesa Toyota anunciou, nesta terça-feira (5), o investimento de R$ 11 bilhões para modernizar seu parque industrial em Sorocaba, interior de São Paulo. A estratégia aposta no lançamento de carros híbridos exclusivos no mercado brasileiro e precifica que, apesar dos modelos totalmente elétricos ainda não serem a opção de compra prioritária dos consumidores, terá modelos totalmente movidos a bateria. e76y
Segundo pesquisa realizada pela J.D Power, aproximadamente 39% dos norte-americanos que dirigem pela primeira vez um Veículo Elétrico a Bateria (BEV, na sigla em inglês) cogitam trocar seu veículo para um modelo híbrido ou retornar a um carro com motor a combustão. A satisfação dos novos proprietários de carros elétricos nos EUA caiu em 2023 – dentre os motivos está a recente nevasca que fez a temperatura despencar abaixo de zero em vários estados do país, causando as baterias a simplesmente congelar, deixando seus proprietários a pé.
A capacidade produtiva da fábrica da Toyota em Sorocaba será ampliada diante da alta na procura por carros elétricos e híbridos. O parque industrial deve erguer novas instalações e receber as operações da sede em Indaiatuba (SP), que será fechada.
Segundo a montadora, todos os funcionários da fábrica terão a opção de realocação para Sorocaba. A transição será gradual e realizada a partir de meados de 2025, com conclusão prevista para o final de 2026.
A empresa ainda abrirá 500 novos postos a partir de 2026. Ao todo, serão 2 mil empregos diretos, enquanto os indiretos podem chegar a 8 mil.
Além da montagem de novos veículos elétricos, as operações na fabricação de peças para dar e à produção também serão expandidas. Assim, a unidade de Porto Feliz (SP) começará a montar motores desses modelos em 2025, enquanto a de Sorocaba produzirá baterias em 2026.
Dos R$ 11 bilhões, R$ 5 bilhões estão confirmados até 2026. Essa quantia inicial inclui a produção de dois modelos híbridos, sendo um deles um veículo compacto e outro “desenvolvido especialmente para o Brasil”. Ambos ainda não foram lançados.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou inicialmente o investimento da Toyota por meio de suas redes sociais no domingo (5). Ele esteve presente no evento em Sorocaba e disse que a descarbonização é uma das prioridades do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“São R$ 3,5 bilhões para estimular a inovação, a descarbonização e a exportação. Queremos uma indústria exportadora, como é a Toyota. 40% da sua produção é exportação e descarbonização. E São Paulo ainda tem um diferencial que é o etanol, então você vai poder fazer hidrogênio de baixo carbono através do etanol, que é outro diferencial aqui,” disse.
Durante o evento, o CEO da Toyota na América Latina, Rafael Chang, elogiou a condução da política industrial e disse se tratar do maior investimento da empresa desde a sua chegada ao Brasil em 1958.
“Faço uma pausa para parabenizar o nosso vice-presidente e ministro do MDIC, ao [secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços] Uallace Moreira e a toda sua equipe por sua visão estratégica e discernimento ao considerar, nas novas políticas industriais, a relevância para o país do desenvolvimento da produção de carro de novas tecnologias automotivas, tais qual híbrida flex,” enfatizou.

Arrependimento 2is4p
A pesquisa da J.D Power detectou que, em relação aos novos motoristas que consideram uma troca apenas para híbridos, a percentagem é de 48%. Dentre os proprietários que já possuíram mais de um carro elétrico, os que cogitam trocar para híbridos são 39% e os que pensam em comprar veículos com motores a combustão são 19%. O levantamento foi feito nos Estados Unidos, numa sinalização de arrependimento de uma parcela considerável dos novos proprietários.
A autonomia da bateria e a disponibilidade de carregadores em espaços públicos são os principais fatores de reclamação dos novos condutores. A pesquisa registrou que a satisfação com a disponibilidade de carregadores públicos ficou 32 pontos percentuais menor em comparação à pesquisa de 2022. Os dados do levantamento foram compilados de julho a dezembro de 2023.
“Muitos produtos estão atingindo o objetivo e agradando aos compradores, mas, ao mesmo tempo, o declínio na satisfação com a disponibilidade de carregamento público deve servir como um alerta, porque a preocupação com o o ao carregamento público é uma das principais razões pelas quais muitos compradores rejeitam atualmente os BEVs. Para que os veículos elétricos atinjam o seu pleno potencial, esta questão precisa de ser resolvida,” disse o diretor-executivo de veículos elétricos da J.D Power, Brent Gruber.
O levantamento também mostrou que o nível de satisfação de novos motoristas de carros elétricos é menor do que em relação aos proprietários mais antigos dos mesmos modelos. A diferença no nível de aprovação entre os dois grupos foi de 28 pontos percentuais. No ano anterior, a diferença era de 14 pontos. A satisfação geral dos novos motoristas em 2023 ficou 16 pontos inferior ante a pesquisa de 2022.
Outro destaque da pesquisa foi que os motoristas de carros elétricos de produção em massa estão mais satisfeitos do que os donos de modelos . Isso porque os veículos mais baratos apresentam menos problemas de manutenção em relação aos mais exclusivos. “Qualidade e confiabilidade são os impulsionadores mais importantes de uma experiência positiva de propriedade de EV”, afirmou Gruber.
Por Val-André Mutran – de Brasília